Merece(-me) alguma reflexão um filme bem concebido, evocando um episódio verificado hipoteticamente durante a II Guerra Mundial. A obra em causa terá passado de forma algo despercebida nas salas de cinema portuguesas. Nela se cruzam as questões éticas, o respeito e a obediência à hierarquia (decorrente, como se depreende, da exigente condição militar) e, expressivamente, as refinadas artes diplomáticas, tão delicadas quanto necessárias em contexto de guerra.
O enredo do filme reporta-nos ao mês de agosto do ano de 1944 e à França ocupada pelas forças nazis (desde o ano de 1940). Enquanto que o exército aliado prepara a sua marcha em direção a Paris, o general alemão que governa a cidade - Dietrich von Cholitz - prepara-se para concretizar as ordens recebidas diretamente de Hitler, no sentido de destruir a capital francesa. Nesse sentido, as pontes sobre o Sena, o Palácio (e Museu) do Louvre, a Catedral de Notre Dame, a Torre Eiffel e diversos outros monumentos são armadilhados pelas forças ocupantes, perspetivando-se a sua destruição próxima.
O cônsul sueco - Raoul Nordling - encontra-se então com von Cholitz no sentido de o demover de executar as ordens insanas de Hitler, potencialmente conducentes à morte de inúmeros inocentes, bem como à perda irreparável de alguns dos mais relevantes e emblemáticos monumentos da Humanidade.
Aborda-se assim, de novo (à semelhança do verificado em "Os homens dos monumentos"), a questão - nem sempre valorizada - da gravidade e irreversibilidade dos danos patrimoniais associados às operações de guerra. Como todas as partes beligerantes deveriam saber (leia-se "respeitar"), nem todos os fins justificam os meios...
Sendo verdade que o encontro entre os protagonistas do filme é ficcionado, não menos verdade será o facto de situações de tal natureza não serem inéditas, sendo conhecidas do público, não raras vezes, somente muitos anos após a sua ocorrência. Para que tal aconteça, aliás, tanto contribui o trabalho dedicado e exaustivo dos mais reputados historiadores quanto (embora mais ocasionalmente) os "frutos do acaso" ou as "revelações" tardias de alguns dos intervenientes diretos em distintos episódios de guerra.
...Voltando ao filme: vejam-no, se puderem (já que, tendo estreado em Portugal a 24 de abril, já saiu das salas de cinema).
Para despertar a curiosidade e o interesse no filme, deixo o respetivo trailer, legendado em português.
Em alternativa, o respetivo link.
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