A Empresa Fabril do Norte (ou, simplesmente, EFANOR) foi uma empresa têxtil pioneira em Portugal. Criada em 1907, destacar-se-ia pelo facto de ter sido a primeira fábrica a produzir carrinhos de linha no nosso país (linha de algodão, para coser e bordar, enrolada em "carros" de madeira). Por tal motivo, aliás, seria conhecida, também, por "fábrica dos carrinhos". Implantada na Senhora da Hora (concelho de Matosinhos, distrito do Porto), beneficiando da proximidade ao Porto de Leixões e da existência de uma linha de água no local, essencial ao desenvolvimento da sua atividade produtiva, dispunha de uma área "imensa" - com aproximadamente 15 hectares - sendo que as suas instalações integravam, para além das áreas de produção e de armazenamento, uma área habitacional (em rigor, um bairro com 69 moradias, dispondo cada uma delas de uma pequena horta e jardim), camaratas, um refeitório, uma creche e jardim de infância para os filhos dos seus trabalhadores, um complexo desportivo (composto por um pavilhão e por campos de jogos exteriores) e um corpo privativo de bombeiros, entre outros sinais de modernidade. A EFANOR terá sido, também, a primeira unidade industrial a dispor de energia elétrica em todas as suas instalações, ainda durante a década de 40 do século XX.
A EFANOR cessou a sua atividade no local em 1994, após aí ter permanecido durante 107 anos. As suas instalações foram adquiridas pelo Grupo SONAE, no intuito de aí ser construído um condomínio (a denominada "Quinta das Sedas") e outras habitações. Após se ter procedido à demolição da maior parte das antigas instalações industriais aí existentes, preservou-se o antigo edifício social da empresa - o qual, depois de amplas obras de restauro e ampliação, viria a acolher o Colégio Efanor (estabelecimento de ensino privado, promovido pela Fundação Belmiro de Azevedo) - e, expressivamente (?), a chaminé e os edifícios, relativamente pequenos, da central de energia (albergando, ainda, um imponente motor alemão, de vinte cilindros) e da antiga tinturaria da fábrica. Foi aventada (já em 2007) a hipótese da Fundação de Serralves criar, aqui, "um edifício multifuncional, onde a arte contemporânea, o património industrial e a ligação ao mundo da moda possam ter lugar". Pelo que se pode observar atualmente no local, tal desígnio ainda está longe de ser concretizado. É pena que assim seja. Muito poderá (deverá...) ser feito, estou convicto, na ótica do respeito pela memória do local.
As cidades (em rigor, os poderes autárquicos...) terão que encontrar soluções adequadas à alteração / requalificação dos espaços outrora ocupados pelas mais diversas estruturas e valências. Os proprietários e investidores privados, todavia, não poderão ficar alheados deste processo, nunca acabado. De ambos se exigem o bom senso e a competência técnica necessárias para levar a efeito tal empreitada. E, já agora, o bom gosto.
As cidades (em rigor, os poderes autárquicos...) terão que encontrar soluções adequadas à alteração / requalificação dos espaços outrora ocupados pelas mais diversas estruturas e valências. Os proprietários e investidores privados, todavia, não poderão ficar alheados deste processo, nunca acabado. De ambos se exigem o bom senso e a competência técnica necessárias para levar a efeito tal empreitada. E, já agora, o bom gosto.
Deixo-vos algumas imagens das estruturas remanescentes, na atualidade, das antigas instalações industriais da Empresa Fabril do Norte.
Uma ruína que marca negativamente a paisagem urbana. Até quando? |
Ruínas da EFANOR. Perspetiva obtida a partir da Av. da Senhora da Hora, a sul. |
Ruínas da EFANOR. Perspetiva obtida a partir da Av. da Senhora da Hora, a sul. |
A chaminé da antiga fábrica. Altiva, destacando-se na paisagem, como muitas outras por esse país fora; ícone da expansão industrial da primeira metade do século XX. |
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