Arte e Natureza no espaço urbano

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segunda-feira, 21 de abril de 2014

A Páscoa reinventada, na modernidade das Visitas Pascais

...Calma! Sei que a Páscoa, na sua essência, ainda é o que sempre foi e deve continuar a ser: um período de reflexão, de reconciliação e de alegria. Os católicos sentem-no de forma especial, como sabemos. As igrejas enchem-se de fiéis eventualmente mais arredados da eucaristia; os sacerdotes são mais solicitados para celebrarem o sacramento da Confissão; os crentes encontram uma motivação especial para se reconciliarem com todos aqueles com os quais se encontram desavindos...
A Visita Pascal - ou, simplesmente, o Compasso - constitui a expressão visível da alegria sentida cada ano, por esta altura, por todos os católicos, celebrando, em comunhão e em ambiente festivo, a Ressurreição de Jesus Cristo.
Tradicionalmente, a Visita Pascal percorria as diversas ruas das paróquias, entrando em cada casa cuja entrada exibisse um tapete, mais ou menos elaborado, composto por diferentes elementos vegetais: ramos e folhas verdes, flores, etc. Este visita, sempre aguardada, é realizada no domingo de Páscoa ou (sobretudo em meios rurais) na segunda-feira seguinte. Por vezes, na noite do sábado de Aleluia, o ribombar do fogo de artifício antecipa a festa que se viverá no dia seguinte.
Os últimos anos têm trazido alguma inovação à festa da Páscoa no nosso país e, em concreto, às Visitas Pascais. Padres, religiosos/as, acólitos e leigos, têm-se (re)organizado por forma a proporcionarem uma resposta mais efetiva às exigências dos tempos que correm e, muito particularmente, ao aparente comodismo e alheamento manifestado pelas populações de regiões e localidades distintas.
E, se Maomé não vai à montanha, a montanha vai a Maomé.
Com efeito, registam já alguma tradição as Visitas Pascais que percorrem alguns espaços e artérias comerciais, indo de encontros a todos quantos aí trabalham ou, enquanto clientes, aí fazem as suas compras.
Fui agradavelmente surpreendido pela primeira Visita Pascal - antecipadamente anunciada - efetuada no requalificado Mercado Bom Sucesso - Urban Concept, na cidade do Porto, na tarde do domingo de Páscoa. Estiveram bem o Pároco e os paroquianos da paróquia do Santíssimo Sacramento, dando mostras de vitalidade da instituição e de empenho na sua missão.
Início da Visita Pascal ao Mercado Bom Sucesso (20.04.14)
A Visita Pascal, percorrendo os espaços do Mercado Bom Sucesso e "dando a Cruz a beijar". 
Não posso deixar de fazer referência, também, a uma outra forma - mais "irreverente", até - de concretizar a Visita Pascal. Com efeito, este foi o sétimo ano, consecutivo, em que se realizou um "Compasso Motard", em Sintra, pelas ruas das paróquias de Pero Pinheiro e de Montelavar. E foram dezenas as motos - potentes e ruidosas - que animaram os lugares atravessados, na tarde do domingo de Páscoa.
O "Compasso Motard" (foto da edição 2011, retirada de http://jregiao-online.webnode.pt)

1 comentário:

  1. Ola Rui!
    (nota prévia: a Páscoa é a minha "festa" de eleição... por muitos motivos. Uma festa emotiva onde muitos dos que passaram pela minha vida se fazem sentir presentes, de forma muito especial).
    O mesmo que aconteceu no renovado mercado do Bom Sucesso acontece, há muitos anos, pelo menos 40( e atrevo-me a dizer há mais), no mercado do Bolhão e pelas ruas de Santa Catarina e adjacentes. (houve uns anos de interrupção, mas em boa hora decidiram retomar)
    Neste dia relembro o meu avô, orgulhoso trabalhador dos STCP, que fazia questão de passar naquela zona da cidade e assim comungar do (e no) mesmo Espirito.
    Relembro-me trabalhadora em Santa Catarina e de como todo aquele movimento me emocionava. Por mim, pelo meu avô.
    (nota final: relembro também a primeira vez em que fiz parte do "Compasso" de um Hospital. Primeiro como paciente, depois como parte da equipa pascal e revivo a emoção de pequenos gestos que se tornam verdadeiros "salvíficos"... e de como jamais poderemos ser "como antes" depois daquela experiência.)
    Parabéns Pelo teu blog e agradeço teres, também, tornado as minhas memórias e emoções ainda mais vivas e presentes.
    Mónica Barros

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