Arte e Natureza no espaço urbano

Arte e Natureza no espaço urbano

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

A propósito d' Os Homens dos Monumentos

A indústria cinematográfica tem a capacidade de surpreender, recorrentemente, quer os cinéfilos mais convictos e exigentes, quer o espectador ocasional de uma qualquer produção da 7.ª arte. Por motivos vários, integro-me (mais) neste segundo tipo de apreciadores de cinema.
Não posso deixar de registar - ou, mais expressivamente, congratular-me - com a apresentação recente, nas salas de cinema mundiais, de um filme bem conseguido, fazendo jus a uma peculiar brigada militar, surgida durante a Segunda Guerra Mundial, composta por uma escassa "meia dúzia" de homens, com o objetivo primordial de reaver as obras de arte que haviam sido saqueadas pelos nazis durante os anos da guerra e, subsequentemente, devolvê-las aos respetivos donos. E esta seria, pois, na essência, a sua nobre e oportuna missão.
Nobre, porquanto pretendia salvaguardar alguns dos mais representativos tesouros artísticos da Humanidade; oportuna, porque o seu êxito dependia, em grande parte - como se compreenderá - da rapidez com que a mesma fosse concretizada, considerando-se os  riscos efetivos de perda do paradeiro das várias obras de arte roubadas (por "encomenda" de Hitler) e/ou a sua destruição efetiva, se não se atuasse, "no terreno", no mais curto espaço de tempo.
Seguramente que, em muitos outros contextos e teatros de guerra, terá feito falta a criação de unidades militares como esta - a evocada no filme - assumidamente imbuídas de preocupações culturais, designadamente, de natureza patrimonial.
Regista-se, todavia, a exiguidade dos meios afetos a missão em causa.
Por outro lado, no entanto, fica bem patente a convicção e o empenho dos protagonistas, em concluir com sucesso a tarefa de que foram incumbidos. Custe o que custar...
Sim, porque as batalhas da preservação do Património, por vezes, são travadas sem "armas" suficientes, como todos sabemos...

Aqui fica, pois, o trailer do filme que recomendo: "The Monuments Men". Num cinema à sua espera.


Em alternativa, o respetivo link.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Divagações sobre um caramanchão...

Um caramanchão constitui uma elemento arquitetónico peculiar, simples na sua conceção e outrora relativamente comum em determinados espaços ao ar livre - quer públicos, quer privados - tendo tanto de decorativo, quanto de funcional (se é que se lhe pode atribuir especial serventia...). Podendo revestir-se de vegetação diversa - com predomínio para determinadas espécies arbustivas e trepadeiras - são (eram...) construídos ora em pedra, ora em ferro, cimento ou madeira. Servem (serviam...) para proporcionar um local aprazível para recreação, descanso, abrigo ou encontro(s)...
Os "ditames do progresso" levaram a que tais elementos, próprios de outros tempos - esses sim, plenos de romantismo e, seguramente, marcados por outros ritmos e quotidianos bem mais salutares - fossem gradualmente banidos das nossas paisagens. Restarão uns quantos (?) exemplares bastante dispersos, ora mais escondidos, ora mais maltratados.
As imagens aqui apresentadas expõem um interessante caramanchão - pouco utilizado, como quase todos - existente na antiga Quinta de Cima (lugar da Igreja Velha, S. Mamede de Infesta), posteriormente conhecida por Quinta de Honório de Lima, já que o seu mais afamado proprietário foi Eduardo Honório de Lima (1856-1939), figura prestigiada da cidade do Porto, comerciante e industrial proeminente e apreciador das artes e do bel canto.
Neste espaço se viria a instalar posteriormente o Parque Urbano de S. Mamede de Infesta e, ainda, um complexo de piscinas municipais.
E o caramanchão "lá está", no extremo do seu parque de estacionamento automóvel e atrás de um extenso conjunto de painéis solares fotovoltaicos.
Perspetiva geral do caramanchão, com estrutura em cimento armado, assente numa base hexagonal de pedra e cimento. 
Pormenor da base do caramanchão e do pequeno "trilho" que o circunda, de inclinação suave, permitindo aceder ao seu interior.